Encontro Nacional do PCP

Construir a alternativa<br> nas batalhas de todos os dias

Perto de mil qua­dros co­mu­nistas par­ti­ci­param, sá­bado, em Al­mada, no En­contro Na­ci­onal do PCP sobre «A si­tu­ação na­ci­onal, as elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu e a luta por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda». Do de­bate tra­vado, como se re­fere nas pá­ginas se­guintes, so­bres­saiu de forma clara aquele que é o ob­jec­tivo cen­tral para o qual devem con­fluir todas as múl­ti­plas e exi­gentes ta­refas que estão co­lo­cadas, hoje, ao co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista: a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e a cons­trução de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda.
No en­cer­ra­mento do en­contro, Je­ró­nimo de Sousa afirmou que as re­fle­xões aí pro­du­zidas as­sumem grande im­por­tância não apenas para a in­ter­venção do PCP
nas grandes ba­ta­lhas que tem pela frente, como também para a «ne­ces­sária e im­pres­cin­dível mo­bi­li­zação dos mi­li­tantes co­mu­nistas para ga­rantir o seu êxito».

O re­forço da CDU dará mais força à luta pela al­ter­na­tiva

As elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu, que se re­a­lizam no pró­ximo dia 25 de Maio, foram um as­sunto pre­sente em grande parte das in­ter­ven­ções pro­fe­ridas no En­contro Na­ci­onal do PCP do úl­timo sá­bado. Não porque este acto elei­toral e a sua pre­pa­ração es­go­tassem o âm­bito da ini­ci­a­tiva, mas por cons­ti­tuir a pró­xima grande ba­talha po­lí­tica que está co­lo­cada ao PCP e aos que com ele cons­ti­tuem a CDU. Uma ba­talha cujo re­sul­tado não dei­xará de ter in­fluência no de­sen­rolar da luta mais geral pela in­ter­rupção da po­lí­tica de em­po­bre­ci­mento e ex­plo­ração e por um Por­tugal com fu­turo, de pro­gresso e jus­tiça so­cial.

O mote foi dado por Jorge Cor­deiro, do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, logo na aber­tura dos tra­ba­lhos: a am­pli­ação da in­fluência elei­toral da CDU é «um ele­mento da maior im­por­tância para alargar a cor­rente de con­fi­ança de que sim, é pos­sível, pela acção, pela von­tade e pela opção dos tra­ba­lha­dores e do povo, abrir o ca­minho de pro­gresso e dig­ni­dade a que têm di­reito». O que não in­va­lida, e muito menos nega, que – como também ficou pa­tente no en­contro – es­tejam há muito iden­ti­fi­cados os fac­tores es­sen­ciais e de­ter­mi­nantes para a cons­trução da al­ter­na­tiva: o re­forço do PCP, a in­ten­si­fi­cação e mul­ti­pli­cação da luta de massas e a am­pli­ação da acção e con­ver­gência dos de­mo­cratas e pa­tri­otas. Para a evo­lução destes fac­tores não serão de forma ne­nhuma alheios a cam­panha da CDU e o pró­prio re­sul­tado da vo­tação.

Força da ver­dade e do fu­turo

Re­la­ti­va­mente ao es­tilo de cam­panha que se le­vará a cabo, Jorge Cor­deiro adi­antou que ela vi­sará si­mul­ta­ne­a­mente a mo­bi­li­zação para o voto e o es­cla­re­ci­mento sobre a ne­ces­si­dade do re­forço da CDU. Esta cam­panha, acres­centou, será cons­truída «com a razão e a au­to­ri­dade sin­gu­lares de quem pode apre­sentar-se aos olhos do povo por­tu­guês com a co­e­rência das suas po­si­ções, a que a vida deu e dá razão». Isto é vá­lido quer no que res­peita à opo­sição do PCP à adesão à então CEE e, de­pois, à União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária, como re­la­ti­va­mente à de­núncia do pacto de agressão e suas con­sequên­cias.

É, assim, com in­teira razão que a CDU se pode apre­sentar às elei­ções como a «força da ver­dade contra as novas men­tiras dos dias de hoje e as que já en­saiam para o amanhã», afirmou Jorge Cor­deiro, aler­tando para os que, te­mendo o jul­ga­mento po­pular pelo que têm feito ao País e ao povo, «pro­cu­rarão se­mear a con­fusão para des­mo­bi­lizar ou di­fi­cultar o voto que mais temem, o voto na CDU». O di­ri­gente co­mu­nista apelou, então, ao voto na CDU, con­si­de­rando-o o «único que pode as­se­gurar a pre­sença de de­pu­tados no PE com­pro­me­tidos com os in­te­resses na­ci­o­nais e a de­fesa dos tra­ba­lha­dores e do povo» e aquele que «con­cilia com co­e­rência a de­fesa do País com a in­dis­pen­sável co­o­pe­ração e a acção con­ver­gente com os tra­ba­lha­dores e os povos de ou­tros países na luta por uma Eu­ropa de paz, co­o­pe­ração e pro­gresso».

Nestas pá­ginas, para além de darmos nota do con­teúdo fun­da­mental de al­gumas das in­ter­ven­ções pro­fe­ridas, pu­bli­camos na ín­tegra o dis­curso do Se­cre­tário-geral do PCP e a re­so­lução do En­contro Na­ci­onal, apro­vada por una­ni­mi­dade. 




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